Falar de Saussure implica o risco de repetir interpretações já galvanizadas ou o abandono do texto saussuriano em prol de seus comentadores. Este livro se entrega a Saussure e evita esses dois riscos ao saber escutar a Psicanálise e ao se dedicar a devolver Saussure ao lugar de enigma levando a sério aquilo que, para Saussure, era enigma. Assim, o texto pode percorrer as elaborações de Saussure sobre a escrita, desde a “monstruosidade ortográfica”, passando pela abertura incessante dos anagramas até um certo impossível de escrever e um possível que se escreve à nossa revelia. Trata-se, portanto, de devolver a reflexão sobre a escrita aos descaminhos por onde passou Saussure, abandonando posições fáceis que colocam a escrita no lugar da representação e garantindo, assim, que aquilo que Saussure funda possa ser melhor compreendido na radicalidade de seu materialismo. [Lauro José Siqueira Baldini]

Sobre o autor

Bruno Turra é doutor em Linguística pela Unicamp, com estágio doutoral na Université Sorbonne Nouvelle – Paris 3 – e no Laboratoire d’Histoire des Théories Linguistiques (LAB-HTL). Tem mestrado em Letras Modernas pela USP e graduação em Letras pela UFSCar. É psicanalista, membro do Fórum do Campo Lacaniano de São

Paulo, e integrante dos grupos de pesquisa GPAL, Unicamp e Grupo de Pesquisa Ferdinand de Saussure (UFU). Desenvolve pesquisa em Ensino de língua estrangeira, estudos saussurianos e psicanálise. É autor do livro A formação do professor de língua estrangeira: o ensino, o sujeito e o impossível (2019) e tradutor da biografia Saussure, de John Joseph (no prelo).