No mundo atual, um grande número de drogas, diferentes em seus usos e propriedades, está reunida numa mesma categoria: a de substâncias proibidas. No entanto, a perseguição a muitas dessas drogas, cujo consumo é parte de práticas sociais e culturais por vezes milenares, leva a sérios conflitos. Ao analisar a história do paradigma proibicionista no plano internacional e no Brasil, o livro visa oferecer elementos para a compreensão de como certas drogas, seus usos e seu mercado foram constituídos, ao longo do século XX, como problemas de saúde pública, segurança pública, segurança nacional e internacional. Assim, os capítulos propõem diversas visões sobre os efeitos do proibicionismo, precisamente sobre os aspectos da segurança e da saúde coletiva e individual, dando atenção à relação entre as atuais políticas de drogas, o narcotráfico e os altos níveis de violência social a ele associados. Em sintonia com o debate contemporâneo e atentos às novas propostas de alternativas legais, os capítulos promovem uma reflexão sobre experiências atuais de regulação das drogas psicoativas para além da repressão e da atualização constante de preconceitos, estigmas sociais e da permanente conversão de cidadãos em "inimigos públicos" e "morais". Ao mesmo tempo, o livro procura fortalecer o papel, a contribuição e a especificidade das ciências sociais no debate público sobre drogas no Brasil.
SOBRE OS ORGANIZADORES:
Beatriz Caiuby Labate é doutora em Antropologia Social pela Universidade Estadual de Campinas, Unicamp. Suas principais áreas de interesse são o estudo de substâncias psicoativas, políticas sobre drogas, xamanismo, ritual e religião. É Diretora Executiva do Chacruna (http://chacruna.net), organização dedicada a promover educação pública e legitimidade culturalem relação às plantas psicoativas. É Professora Colaboradora do Programade Psicologia Oriental-Ocidental do Instituto de Estudos Integrais da Califórnia (CIIS), em São Franciscoe Professora Visitante do Centro de Pesquisa e Estudos de Pós-Graduação em Antropologia Social (CIESAS), em Guadalajara. É Especialista em Educação Pública e Cultura da Associação Multidisciplinar de Estudos Psicodélicos (MAPS). É co-fundadora do Coletivo Drogas, Política e Cultura no México (http://drogaspoliticacultura.net) e co-fundadora do Núcleo de Estudos Interdisciplinares sobre Psicoativos (NEIP) no Brasil, além de editora de seu site (http://www.neip.info). É autora, coautora e coeditora de dezenove livros, de uma edição especial de um journal acadêmico e de vários artigos indexados (http://bialabate.net/).
Thiago Rodrigues é doutor em Relações Internacionais pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), com estágio doutoral na Université da Sorbonne Nouvelle/Paris III. É professor do Instituto de Estudos Estratégicos (INEST) da Universidade Federal Fluminense (UFF), Rio de Janeiro; pesquisador do Núcleo de Sociabilidade Libertária (Nu-Sol/PUC-SP); pesquisador-associado à Coordenadoria Regional Investigações Econômicas e Sociais (CRIES/Argentina); pesquisador do Núcleo de Estudos Interdisciplinares sobre Psicoativos (NEIP, www.neip.info). É autor e organizador de vários livros, dentre os quais se destacam: Narcotráfico, uma guerra na guerra (Desatino, 2003; 2ª ed. 2012); Política e drogas nas Américas (Educ/Fapesp, 2004) e Guerra e política nas relações internacionais (Educ/Fapesp 2010). Seus temas de interesse são narcotráfico e segurança; segurança na América Latina; atores não-estatais e segurança global; teoria pós-estruturalista das Relações Internacionais.
SOBRE OS AUTORES:
Antonio Rafael Barbosa é professor do Departamento de Antropologia e do PPGA da Universidade Federal Fluminense (Rio de Janeiro). Desenvolve pesquisas com os seguintes temas: movimentos minoritários; práticas de uso e comércio de drogas; sistema penitenciário. É autor do livro Um abraço para todos os amigos: algumas considerações sobre o tráfico de drogas no Rio de Janeiro (EDUFF, 1998) e organizador da coletânea “(I)legal: etnografias em uma fronteira difusa” (EDUFF, 2013).
Deborah Rio Fromm Trinta é Mestre em Antropologia Social pela Universidade Estadual de Campinas (2017) e, atualmente, é doutoranda em Antropologia Social na mesma instituição. Formada, em 2013, no curso de Bacharelado em Ciências Sociais pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). É pesquisadora do Centro de Estudos da Metrópole (CEM) e do Núcleo de Etnografias Urbanas (NEU/ Cebrap). Integrante do Núcleo de Estudos Interdisciplinares sobre Psicoativos (NEIP). Trabalha na área da Antropologia Urbana com ênfase nos seguintes temas: desigualdades sociais, seguros e políticas públicas para usuários de crack.
Emilio Figueiredo é advogado na Rede Jurídica pela Reforma da Política de Drogas, pós-graduado em Responsabilidade Social e Terceiro Setor (IE/UFRJ), defensor de usuários medicinais e cultivadores domésticos de maconha, consultor jurídico do Growroom.net e de associações de usuários medicinais de maconha. Também é do Conselho Consultivo da Plataforma Brasileira de Política de Drogas (PBPD).
Fábio Mallart é Mestre em Antropologia Social pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente é Doutorando em Sociologia pela mesma Universidade (bolsista Fapesp/Capes, Processo 2015/02165-2). É integrante do Núcleo de Etnografias Urbanas, do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (CEBRAP). É autor do livro Cadeias dominadas: a Fundação CASA, suas dinâmicas e as trajetórias de jovens internos (Ed. Terceiro Nome/Fapesp). Se dedica à pesquisa de temas em sociologia urbana, tendo como foco de suas investigações as dinâmicas criminais, o sistema prisional, o sistema socioeducativo de internação para adolescentes e as políticas governamentais de controle do crime.
Filipe Moreno Horta é Mestre em Sociologia pelo Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (IESP/UERJ). Atualmente é doutorando em Sociologia pela Universidade Federal de São Carlos (PPGS/UFSCar). Desde 2010 é Pesquisador do NaMargem – Núcleo de Pesquisas Urbanas (UFSCar) e Pesquisador Júnior do Centro de Estudos da Metrópole (CEM/CEBRAP). É também Bacharel em Ciências Sociais pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). Com foco analítico nas margens, conflitos e interações sociais, desde a graduação faz pesquisa histórica no Parque Estadual da Ilha Anchieta (PEIA), tendo por objeto investigativo uma antiga prisão.
Flavia Medeiros cientista social e antropóloga. Mestre e Doutora pelo Programa de Pós-Graduação em Antropologia da Universidade Federal Fluminense (UFF), Niterói, Rio de Janeiro. É pesquisadora vinculada ao Núcleo Fluminense de Estudos e Pesquisa (NUFEP), ao Instituto Nacional de Estudos Comparados em Administração Institucional de Conflitos (INCT-InEAC), ao Núcleo de Estudos Interdisciplinares sobre Psicoativos (NEIP) e à Rede Nacional de Feministas Antiproibicionistas (RENFA). É autora dos livros Matar o morto: uma etnografia do Instituto Médico Legal do Rio de Janeiro (EdUFF 2016) e Linhas de investigação: uma etnografia das técnicas e moralidades numa Divisão de Homicídios da Polícia Civil do Rio de Janeiro (Autografia 2018).
Frederico Policarpo possui graduação em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Rio de Janeiro; Mestrado e Doutorado em Antropologia pela Universidade Federal Fluminense (PPGA/UFF). É Professor Adjunto de Antropologia no curso de Políticas Públicas, Departamento de Educação, Campus Angra dos Reis, da Universidade Federal Fluminense (IEAR/UFF). É pesquisador vinculado ao Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia - Instituto de Estudos Comparados em Administração Institucional de Conflitos (INCT - InEAC), da Universidade Federal Fluminense e também pesquisador do Núcleo de Estudos Interdisciplinares sobre Psicoativos (NEIP). É autor de O consumo de drogas e seus controles: uma pespectiva comparada entre as cidades do Rio de Janeiro, Brasil, e San Francisco, EUA (Consequencia, 2016), e co-organizador de Drogas, Políticas Públicas e Consumidores (Mercado de Letras/NEIP, 2016).
Gabriel de Santis Feltran é Professor do Departamento de Sociologia da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), Coordenador de Pesquisa do Centro de Estudos da Metrópole (CEM) e Pesquisador do Núcleo de Etnografias Urbanas do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (CEBRAP). Doutor em Ciências Sociais pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), com estágio doutoral na École des Hautes Études en Sciences Sociales (EHESS). Atualmente pesquisa as dinâmicas sociais, políticas e de mercado nas periferias urbanas, com foco nos grupos marginalizados e no “mundo do crime” em São Paulo. Coordenador do NaMargem - Núcleo de Pesquisas Urbanas, que integra os projetos “As margens da cidade” (CEPID/CEM - Fapesp) e “A gestão do conflito na produção da cidade contemporânea” (Temático Fapesp/USP).
Henrique S. Carneiro é historiador, bacharel, mestre e doutor em História Social pela Universidade de São Paulo (USP). Realizou estágios acadêmicos na França e na Rússia. Foi durante cinco anos (1998-2003) professor na Universidade Ouro Preto (UFOP). Atualmente é professor na cadeira de História Moderna no Departamento de História da USP e pesquisador do Núcleo de Estudos Interdisciplinares sobre Psicoativos (NEIP). Publicou seis livros, é co-organizador de duas coletâneas e escreve em jornais e revistas acadêmicas. Sua linha de pesquisa é sobre a história da alimentação, das drogas e das bebidas alcoólicas e é coordenador do Laboratório de Estudos Históricos das Drogas e da Alimentação (LEHDA) no DH/FFLCH/USP.
Karina Biondi é bacharel em Ciências Sociais pela Universidade de São Paulo, mestre e doutora em Antropologia Social pela Universidade Federal de São Carlos. Atualmente, é professora na Universidade Estadual do Maranhão. Além de coordenar coordenador o Laboratório de Estudos em Antropologia Política (LEAP), também é pesquisadora do Hybris - Grupo de Estudo e Pesquisa sobre Relações de Poder, Conflitos, Socialidades e do Núcleo de Estudos Interdisciplinares sobre Psicoativos (NEIP). Recebeu o prêmio de melhor livro da Association for Political and Legal Anthropology, uma seção da American Anthropology Association, com Sharing this Walk: An Ethnography of Prison Life and the PCC in Brazil, versão em inglês de Junto e misturado: uma etnografia do PCC. Também é autora de Proibido roubar na quebrada: território, lei e hierarquia no PCC.
Marcos Veríssimo é Doutor pelo Programa de Pós-Graduação em Antropologia Universidade Federal Fluminense. Mestre em Antropologia pelo mesmo programa. Especialista em Políticas Públicas de Justiça Criminal e Segurança Pública pela Universidade Federal Fluminense. Graduado em Ciências Sociais (bacharelado e licenciatura) pela Universidade Federal Fluminense. Pesquisador associado ao Instituto de Estudos Comparados em Administração Institucional de Conflitos (INCT-InEAC). Áreas de interesse: conflitos relacionados às “drogas” (lícitas e ilícitas) e seus usos, mercados, produção e repressão; antropologia visual; e estudos de manifestações artísticas e culturais construídas por grupos sociais mais ou menos definidos.
Maurício Fiore é mestre em Antropologia Social pela Universidade de São Paulo (USP) e doutor em Ciências Sociais pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Atua como pesquisador do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (CEBRAP) e como coordenador científico da Plataforma Brasileira de Política de Drogas além de editor da revista Platô: drogas e política. Também é pesquisador do Núcleo de Estudos Interdisciplinares sobre Psicoativos (NEIP). Investiga o uso de substâncias psicoativas sob diferentes perspectivas e é autor e organizador de trabalhos sobre o tema, dentre os quais, se destacam, os livros “Uso de Drogas: Controvérsias e Perspectivas” (Mercado de Letras, 2007) e “Drogas e Cultura: Novas Perspectivas” (EDUFBA/Minc, 2008).
Taniele Rui é Doutora em Antropologia Social pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Brasil. Atualmente é professora do Departamento de Antropologia da Unicamp e pesquisadora do Núcleo de Etnografias Urbanas, do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (CEBRAP). É membro também do Núcleo de Estudos Interdisciplinares sobre psicoativos (NEIP, www.neip.info). Vem se dedicando à pesquisa de temas em antropologia urbana, com foco em vidas e situações-limites, produzindo investigações etnográficas sobre margens urbanas, políticas sociais destinadas a populações em situação de risco e vulnerabilidade, corporalidades abjetas, violência, segurança pública, saúde pública, instituições totais, consumo de drogas e projetos políticos/terapêuticos concorrentes sobre drogas (como, por exemplo, disputas entre programas de redução de danos e comunidades terapêuticas).